quarta-feira, 22 de junho de 2016

Hoje foi um dia mágico. Um dia que eu não vou me esquecer nunca mais. O dia que eu fui convidada para conhecer o trabalho de preparação física na Royal Ballet. Sim! O Bastidores estava nos bastidores da Royal. A fisioterapeuta Moira nos mostrou cada cantinho daquela casa situada em Londres.

O final de semana já havia começado com muita emoção por ter sido uma das representantes da Ciência da Dança do Brasil (juntamente com Clara Gam e Adriano Bittar) a apresentar o meu trabalho no Carrers Days que aconteceu do Conservatório de Dança e Música Trinity Laban, também em Londres.



Fiquei sabendo que a batalha de buscar conhecimento em como aumentar o desempenho em bailarinos é compartilhada juntamente com a batalha de convencer os bailarinos da importância da preparação física! Tivemos uma mesa redonda para discutir como tornar esse conhecimento mais acessível aos bailarinos, pois a resistência em não cuidar no corpo corretamente vai além da falta de recursos financeiros para arcar com os treinamentos. A responsável pela preparação física dos bailarinos da companhia Alvin Ayle disse que repete aos seus bailarinos todos os dias “seu corpo é seu instrumento de trabalho, se você não cuidar do seu corpo, quem vai cuidar?”.

Depois de conhecer tantas pessoas importantes da área da ciência da dança e de ser reconhecida pelo trabalho que estou fazendo tanto na pesquisa quanto no Bastidores quase não consegui dormir. No dia seguinte levantei cedo pra ficar na porta da casa de óperas esperando, contemplando e meditando sobre o tamanho do sonho que me esperava lá dentro. As 11 horas Moira, uma das fisioterapeutas, veio nos receber com um sorriso gigantesco e muita boa vontade. Nos introduzimos brevemente e começamos nossa jornada.

As primeiras salas que nos foram apresentadas (sim plural... SALAS) foram as de preparação física! Os bailarinos tem atendimento fisioterápico para reabilitação, mas também tem fortalecimento com pilates e exercícios de musculação (opa! Coincidência nenhuma serem as mesmas atividades desenvolvidas no Bastidores, afinal de contas o Bastidores é o primeiro centro de treinamento especializado em bailarinos do Brasil e tem se inspirado nos centro de referência como a Royal).






O tempo todo os bailarinos se movimentavam entre as salas. Moira disse que a sala de ginástica acaba sendo, também, um momento social, no qual além de preparar o corpo deles para a demanda que o ballet exige (o Royal tem uma carga de espetáculos de 4 dias por semana!!!!!) eles conversam e descontraem (outra feliz “coincidência” com o Bastidores).

Fomos também na sala de sapatilhas; eles têm acesso a quantas sapatilhas precisarem e da marca e modelo que quiserem!


Após assistimos a barra da aula em que estavam se preparando para o espetáculo daquele dia. Em seguida conhecemos toda a estrutura do prédio, todas as salas de ballet e ensaio, onde os figurinos são confeccionados, por trás do palco, cantina, espaço de descanso para os bailarinos, todos os cantinhos daquele prédio de mais de 5 andares. E além de tudo... assistimos a aula!!!!





Então sentamos para conversar e apresentar nossos trabalhos. Afinal de contas, um centro de treinamento como o deles não seria perfeito se não houvesse pesquisa. Então expusemos nossas pesquisas, plantamos sementinhas e agora vamos aguardar o florescimento de algo muito especial.

Para fechar com chave de ouro fomos assistir o espetáculo em cartaz: 




Ainda estou no trem voltando de Londres para Crewe. Muitas ideias para o meu doutorado, mais ideias ainda para o Bastidores. Estou exausta, mas muito feliz! E por isso quis escrever esse post logo agora, mesmo que minha mão ainda esteja trêmula. Esse final de semana tive certeza de que estou no caminho certo! Segunda feira tem mais! Apresentarei minha pesquisa na Wolvehamton University, em um primeiro encontro para discutir uma parceria de colaboração entre o Brasil e o UK para o desenvolvimento da Ciência da Dança. Estou vivendo um sonho e a concretização desse sonho é o Bastidores.